Navillera (2021)

15/06/2024

“Quando envelhecemos, nos acostumamos com despedidas.”

É com esse trecho melancólico que começo esta resenha.
Navillera é mais do que um drama: é um acalento. Uma daquelas histórias sensíveis e inspiradoras, feitas para sorrir, chorar e refletir — tudo ao mesmo tempo.

Baseado no webtoon de mesmo nome, o dorama gira em torno de Deokchul, um simpático senhor que, aos 70 anos, decide realizar um antigo sonho: dançar balé. Após uma vida inteira dedicada à família, ele resolve, enfim, fazer algo por si mesmo.

Do outro lado da história temos Lee Chae Rok, um jovem e talentoso bailarino que atravessa uma fase difícil. Com a mãe falecida e o pai distante, ele vive desmotivado — inclusive com a dança. Quando é obrigado a ensinar balé a um "vovô", Chae Rok reage com desdém. Mas, aos poucos, Deokchul o conquista com sua leveza, persistência e carinho.

Esperei muito por esse lançamento na época, porque amo tudo que envolve balé. Já sabia que ia gostar — e, no fim, acabei me apaixonando mesmo. Principalmente pela forma como o drama trata o envelhecimento: um tema muitas vezes negligenciado, mas apresentado aqui com respeito e profundidade.

Deokchul nos mostra que nunca é tarde para sonhar, nem para tentar algo novo. Enfrentando os limites do próprio corpo, o preconceito por sua idade, gênero e condição física, ele nos ensina que envelhecer não é sinônimo de desistir de si.

“Nunca fiz nada que eu queria na vida. Estava sempre ocupado sustentando minha família para sequer sonhar com isso. Achei que era o curso natural das coisas. E agora estou finalmente tentando fazer o que quero.”

Já Chae Rok, mesmo jovem, está estagnado. Suas coreografias são técnicas, mas vazias de emoção. E é a conexão com Deokchul que o resgata, permitindo que, juntos, eles descubram a beleza do balé e da vida.

“Seus movimentos não têm emoção. Só está seguindo a coreografia de forma mecânica. Como o público vai sentir algo se nem você sente?”

Essa amizade improvável é o coração do drama. E é nela que mora sua maior força.

Navillera é uma verdadeira lição de vida sobre coragem, sonhos, perdão, amizade e afeto. Um lembrete de que todos — independentemente da idade — ainda estão em construção, ainda têm desejos, medos e vontades.

Reforço que é uma obra que nos aproxima de uma geração muitas vezes invisível, mas que segue viva e sonhando. Assim como a próxima, e a próxima depois dessa… Porque, no fim, somos todos humanos.

A produção também entrega uma fotografia linda, atuações emocionantes, personagens cativantes e uma trilha sonora impecável. (Deixarei o link da minha música favorita!)

“A hora é agora. Não é tarde demais para você. Enquanto tiver o corpo firme e a mente lúcida, faça tudo que sempre quis.”.