Koisenu Futari (2022)

15/06/2024

“Se apaixonar é algo que você é obrigado a fazer?”

Como o próprio título sugere, esse drama é sobre duas pessoas que não se apaixonam. E, para mim, ele terá para sempre um lugar guardado no meu coração, porque foi um verdadeiro divisor de águas na minha vida.

Koisenu Futari apresenta um tema raro e ainda pouco compreendido: a assexualidade e a arromanticidade. Quando alguém se identifica com ambas as orientações, chamamos de aroace.

De forma resumida: assim como existe a orientação sexual (atração física ou sexual), também existe a orientação romântica (atração emocional/romântica).

A assexualidade se caracteriza pela ausência ou baixa intensidade de atração sexual, enquanto a arromanticidade diz respeito à ausência de atração romântica — ou à forma de senti-la de um jeito que não se encaixa no modelo padrão da sociedade.

O dorama tem apenas 8 episódios — que passam voando. Acompanhamos dois protagonistas aroaces: Sakuko, que no início não entende por que é tão difícil viver em um mundo onde todos parecem destinados a se apaixonar, e Takahashi, que já sabe ser aroace e fala abertamente sobre isso. Ele é quem diz a frase marcante:

"Existem pessoas que não se apaixonam."

Sakuko se encanta com o que ouve, começa a pesquisar, se identificar, e logo se reconhece também como aroace. Ela encontra em Takahashi alguém com quem pode compartilhar visões, experiências e, mais que isso, um espaço seguro.

Eles decidem morar juntos, dando início a uma linda amizade — um relacionamento queerplatônico, ou seja, uma conexão íntima, profunda e afetuosa que não é romântica nem sexual, mas que tem o mesmo valor e importância. 

Ao longo dos episódios, eles também compartilham suas experiências passadas — relacionamentos anteriores nos quais já sentiam que algo estava "fora do esperado", mas ainda não sabiam nomear. E o dorama trata tudo isso com uma sensibilidade que emociona.

Koisenu Futari aborda temas como aceitação, preconceito, papel social, família e a pressão constante para seguir normas que não se encaixam para todos. 

É uma obra simples em estrutura, mas profundamente complexa em conteúdo. Muito bem escrita, produzida e atuada.

Confesso que chorei em vários momentos — por finalmente me ver representada, não por um, mas pelos dois protagonistas. 

Este drama, para mim, representa um lugar de acolhimento. Um abraço. Um lembrete de que romance não precisa estar vinculado apenas ao amor entre casais. Pode ser amor pela vida. Pelo cotidiano. Por um estilo de viver. Por uma perspectiva.

Além disso, valoriza os vínculos — os que são mais fáceis de rotular e os que escapam das caixinhas, mas que ainda assim são profundos, reais e merecem respeito.

No fim das contas, é absurdo que vivamos numa sociedade onde sofrer por estar só seja normal e estar bem consigo mesmo pareça estranho.
Não é sobre se isolar. É sobre entender que não somos metades de ninguém — somos inteiros. E que a felicidade pode (e deve) vir também fora do amor romântico, em formatos não convencionais.

“O único que pode decidir minha felicidade sou eu.”